Afirmar que a campanha do Avaí na Série A 2010 foi de altos e baixos seria simplificar demais a saga azurra no campeonato mais disputado do mundo. O Leão, na verdade, foi muito alto e chegou perto do topo, mas caiu vertiginosamente e quase alcançou o fundo do poço antes da gloriosa recuperação. Relembre os principais jogos e fatos da trajetória do Leão no Brasileirão deste ano, que provam que o ditado popular não é à toa: "esse Avaí fax cosa".
O começo arrasador
A julgar pela estreia avaiana no Brasileirão deste ano, a ótima campanha de 2009, quando o Leão terminou o campeonato no 6º lugar, parecia que seria superada. Na época comandado por Péricles Chamusca, o primeiro passo do time azurra na Série A foi na triturante goleada de 6 a 1 sobre o Grêmio Prudente, no dia 9 de maio, na Ressacada. O zagueiro-artilheiro Emerson, um dos poucos remanescentes da temporada passada, anotou três gols no jogo, mostrando desde o início que seria um dos principais jogadores do Avaí no Brasileirão.
O Leão seguiu surpreedendo nas primeiras rodadas da Série A: empatou em 2 a 2 com o Cruzeiro em Belo Horizonte, no dia 16 de maio, após estar vencendo o jogo por dois tentos de diferença, e derrotou o
Vasco na Ressacada por 2 a 0, no dia 23 do mesmo mês. Destaque para o atacante Roberto, que marcou um gol em cada jogo (já havia feito um contra o Grêmio Prudente) e foi o grande nome do Avaí no início do campeonato. As seguidas lesões, no entanto, acabaram prejudicando o desempenho do jogador no segundo turno.
Delegado chega e dá as cartas
A boa campanha à frente do Avaí deixou Péricles Chamusca sob os holofotes do futebol árabe, e o treinador acabou trocando o Leão pelo Al-Arabi, do Catar, no final de junho, por uma proposta considerada irrecusável. Com o Brasileirão paralisado por causa da Copa do Mundo, a diretoria avaiana teve tempo para contratar o "delegado" Antônio Lopes, que comandou a equipe a partir da 8ª rodada. O começo não poderia ser melhor: vitória sobre o São Paulo por 2 a 1 em pleno Morumbi, no dia 14 de julho, com gols de Roberto e Vandinho.
Acidente de percurso do Tricolor Paulista? Nada disso: na rodada seguinte, a 9ª do Brasileirão, a vítima foi o Palmeiras, batido na Ressacada por 4 a 2, no dia 18 de julho. Os gols do triunfo de virada do Leão foram anotados por Caio (dois), Robinho e Roberto, ainda em grande fase. Era o início da ascensão meteórica do time catarinense na Série A sob o comando do Delegado.
A ascensão e queda do Delegado
O Avaí de Antônio Lopes demorou cinco rodadas para saber o que é perder. Após superar São Paulo e Palmeiras, a equipe catarinense empatou com Flamengo (1 a 1), Atlético-MG (0 a 0) e venceu o Goiás (4 a 1), antes de ser derrotado pelo Guarani por 4 a 1, em Campinas, no dia 7 de agosto. A recuperação, porém, não demorou a vir, e quem pagou o preço foi o Corinthians: vitória na Ressacada por 3 a 2, no dia 15 de agosto. Os gols de Davi, Rafael e Chicão (contra) levaram o Avaí à 3ª colocação na 14ª rodada. Foi o auge da trajetória de Lopes no clube do Sul da Ilha.
Uma reviravolta inexplicável minou a ótima margem de pontos que o Avaí conquistou no 1º turno, após o triunfo sobre o Timão. O Leão teve dez longas rodadas de sofrimento, sofrendo sete derrotas e conseguindo três empates no período. Após o sexto revés consecutivo, contra o Grêmio, Lopes foi demitido do comando do time. Edson Neguinho assumiu interinamente (já havia feito o mesmo durante a Copa do Mundo, na disputa do torneio amistoso Copa da Hora), perdendo na estreia para o Vitória por 3 a 0, no dia 23 de setembro.
Edson Neguinho segura o rojão
A má estreia de Neguinho não intimidou a diretoria, que decidiu apostar na solução "caseira" e o manteve no cargo por seis rodadas. A segunda partida encheu a torcida de esperança de que o time voltaria a ser a sensação do campeonato: chuva de gols para acompanhar a de água na vitória de 5 a 0 sobre o Ceará, no dia 26 de setembro, na Ressacada. Foi a quebra do jejum de 10 partidas sem vitória, em um desempenho digno de nota da equipe azurra diante da equipe nordestina. Rudnei, Davi (dois) e Jefferson (dois) anotaram os gols do Leão.
As rodadas seguintes, no entando, desiludiram os fãs avaianos. Derrotas para Fluminense (1 a 0) e Palmeiras (4 a 1), e empates com São Paulo (0 a 0) e Flamengo (2 a 2), deixaram o Leão na 16ª posição na 29ª rodada, a um ponto da zona do rebaixamento. O alerta vermelho disparou, e era hora de procurar outra solução para manter o time na Série A.
Benazzi e o resgate do Leão
Vagner Benazzi foi o homem escolhido para conduzir o Avaí à permanência na elite do futebol brasileiro. Ele estreou contra o Emelec na Copa Sul-Americana (e acabou levando o Leão a eliminar o time equatoriano), mas logo declarou: sua missão era salvar o time na Série A. Foi o que ele fez, mas não sem "dar" à torcida uma grande dose de emoção no processo. Derrotas para Atlético-MG (2 a 0) e Goiás (1 a 0) deixaram o time catarinense muito perto do fundo do poço, na penúltima colocação do Brasileirão, a sete rodadas do final. O time esmeraldinho, aliás, foi o grande carrasco do Avaí em 2010, eliminando a equipe do Sul da Ilha da Copa Sul-Americana nas quartas de final.
As três rodadas seguintes perturbaram ainda mais o sono do torcedor avaiano. O triunfo sobre o Guarani, no dia 30/10, deu um certo alento, mas a goleada imprimida pelo Corinthians (4 a 0) e o empate sem gols com o Botafogo fizeram muita gente decretar que o Avaí já estaria na Série B do ano que vem.
Leão, seu lugar é na elite
Eliminado da Copa Sul-Americana o Avaí concentrou forças, superou as lesões que minaram o time no segundo turno, e venceu o Inter de Porto Alegre, em pleno Beira-Rio, por 3 a 2, no dia 14/11. O nome do jogo foi Patric, que abriu o marcador aos 15 segundos de jogo e deixou Robinho sem goleiro para anotar o tento da vitória na etapa derradeira. Emoção mais uma vez não faltou: a reação do Colorado, que perdia por 2 a 0 e empatou, deixou a massa azurra à beira do desespero. No final, valeu a raça do Leão para voltar do Rio Grande do Sul com três pontos que seriam cruciais para manter o time na Série A.
Na carona da moral de quem bateu o atual campeão da Libertadores da casa do adversário, o Avaí abateu o Atlético-GO por 3 a 0, no dia 21/11, em uma Ressacada com gente saindo pelo ladrão. A impressionante festa da torcida azurra empurrou o time que, de tanto perder gols, poderia ter anotado uma goleada histórica sobre o time goiano. O meia Jefferson entrou no segundo tempo e fez dois, completando o triunfo iniciado por Eltinho.
A glória
Não poderia ser de outra forma. O jogo que definiu a permanência do Avaí na Série A foi sofrido, dramático e contra um grande adversário. O Santos de Neymar começou o jogo do dia 28/11 dando pinta de que iria arrasar o Leão, abrindo 2 a 0 no primeiro tempo com um show da Jóia da Vila, mas era apenas a preliminar para a grande apresentação da noite. Caio roubou a cena, anotou três golaços de fora da área e fincou a bandeira azul e branca na Primeira Divisão do campeonato mais disputado do mundo.
Faltando uma rodada para o fim do campeonato, o Avaí apenas cumpre tabela diante do Atlético-PR. A torcida do Leão viu o time cumprir seu dever e, agora, prepara-se para ver o clássico contra o grande rival Figueirense em um lugar especial: a elite do futebol nacional.
Felipe Albertoni
O começo arrasador
A julgar pela estreia avaiana no Brasileirão deste ano, a ótima campanha de 2009, quando o Leão terminou o campeonato no 6º lugar, parecia que seria superada. Na época comandado por Péricles Chamusca, o primeiro passo do time azurra na Série A foi na triturante goleada de 6 a 1 sobre o Grêmio Prudente, no dia 9 de maio, na Ressacada. O zagueiro-artilheiro Emerson, um dos poucos remanescentes da temporada passada, anotou três gols no jogo, mostrando desde o início que seria um dos principais jogadores do Avaí no Brasileirão.
O Leão seguiu surpreedendo nas primeiras rodadas da Série A: empatou em 2 a 2 com o Cruzeiro em Belo Horizonte, no dia 16 de maio, após estar vencendo o jogo por dois tentos de diferença, e derrotou o
Vasco na Ressacada por 2 a 0, no dia 23 do mesmo mês. Destaque para o atacante Roberto, que marcou um gol em cada jogo (já havia feito um contra o Grêmio Prudente) e foi o grande nome do Avaí no início do campeonato. As seguidas lesões, no entanto, acabaram prejudicando o desempenho do jogador no segundo turno.Delegado chega e dá as cartas
A boa campanha à frente do Avaí deixou Péricles Chamusca sob os holofotes do futebol árabe, e o treinador acabou trocando o Leão pelo Al-Arabi, do Catar, no final de junho, por uma proposta considerada irrecusável. Com o Brasileirão paralisado por causa da Copa do Mundo, a diretoria avaiana teve tempo para contratar o "delegado" Antônio Lopes, que comandou a equipe a partir da 8ª rodada. O começo não poderia ser melhor: vitória sobre o São Paulo por 2 a 1 em pleno Morumbi, no dia 14 de julho, com gols de Roberto e Vandinho.
Acidente de percurso do Tricolor Paulista? Nada disso: na rodada seguinte, a 9ª do Brasileirão, a vítima foi o Palmeiras, batido na Ressacada por 4 a 2, no dia 18 de julho. Os gols do triunfo de virada do Leão foram anotados por Caio (dois), Robinho e Roberto, ainda em grande fase. Era o início da ascensão meteórica do time catarinense na Série A sob o comando do Delegado.
A ascensão e queda do Delegado
O Avaí de Antônio Lopes demorou cinco rodadas para saber o que é perder. Após superar São Paulo e Palmeiras, a equipe catarinense empatou com Flamengo (1 a 1), Atlético-MG (0 a 0) e venceu o Goiás (4 a 1), antes de ser derrotado pelo Guarani por 4 a 1, em Campinas, no dia 7 de agosto. A recuperação, porém, não demorou a vir, e quem pagou o preço foi o Corinthians: vitória na Ressacada por 3 a 2, no dia 15 de agosto. Os gols de Davi, Rafael e Chicão (contra) levaram o Avaí à 3ª colocação na 14ª rodada. Foi o auge da trajetória de Lopes no clube do Sul da Ilha.
Uma reviravolta inexplicável minou a ótima margem de pontos que o Avaí conquistou no 1º turno, após o triunfo sobre o Timão. O Leão teve dez longas rodadas de sofrimento, sofrendo sete derrotas e conseguindo três empates no período. Após o sexto revés consecutivo, contra o Grêmio, Lopes foi demitido do comando do time. Edson Neguinho assumiu interinamente (já havia feito o mesmo durante a Copa do Mundo, na disputa do torneio amistoso Copa da Hora), perdendo na estreia para o Vitória por 3 a 0, no dia 23 de setembro.
Edson Neguinho segura o rojão
A má estreia de Neguinho não intimidou a diretoria, que decidiu apostar na solução "caseira" e o manteve no cargo por seis rodadas. A segunda partida encheu a torcida de esperança de que o time voltaria a ser a sensação do campeonato: chuva de gols para acompanhar a de água na vitória de 5 a 0 sobre o Ceará, no dia 26 de setembro, na Ressacada. Foi a quebra do jejum de 10 partidas sem vitória, em um desempenho digno de nota da equipe azurra diante da equipe nordestina. Rudnei, Davi (dois) e Jefferson (dois) anotaram os gols do Leão.
As rodadas seguintes, no entando, desiludiram os fãs avaianos. Derrotas para Fluminense (1 a 0) e Palmeiras (4 a 1), e empates com São Paulo (0 a 0) e Flamengo (2 a 2), deixaram o Leão na 16ª posição na 29ª rodada, a um ponto da zona do rebaixamento. O alerta vermelho disparou, e era hora de procurar outra solução para manter o time na Série A.
Benazzi e o resgate do Leão
Vagner Benazzi foi o homem escolhido para conduzir o Avaí à permanência na elite do futebol brasileiro. Ele estreou contra o Emelec na Copa Sul-Americana (e acabou levando o Leão a eliminar o time equatoriano), mas logo declarou: sua missão era salvar o time na Série A. Foi o que ele fez, mas não sem "dar" à torcida uma grande dose de emoção no processo. Derrotas para Atlético-MG (2 a 0) e Goiás (1 a 0) deixaram o time catarinense muito perto do fundo do poço, na penúltima colocação do Brasileirão, a sete rodadas do final. O time esmeraldinho, aliás, foi o grande carrasco do Avaí em 2010, eliminando a equipe do Sul da Ilha da Copa Sul-Americana nas quartas de final.
As três rodadas seguintes perturbaram ainda mais o sono do torcedor avaiano. O triunfo sobre o Guarani, no dia 30/10, deu um certo alento, mas a goleada imprimida pelo Corinthians (4 a 0) e o empate sem gols com o Botafogo fizeram muita gente decretar que o Avaí já estaria na Série B do ano que vem.
Leão, seu lugar é na elite
Eliminado da Copa Sul-Americana o Avaí concentrou forças, superou as lesões que minaram o time no segundo turno, e venceu o Inter de Porto Alegre, em pleno Beira-Rio, por 3 a 2, no dia 14/11. O nome do jogo foi Patric, que abriu o marcador aos 15 segundos de jogo e deixou Robinho sem goleiro para anotar o tento da vitória na etapa derradeira. Emoção mais uma vez não faltou: a reação do Colorado, que perdia por 2 a 0 e empatou, deixou a massa azurra à beira do desespero. No final, valeu a raça do Leão para voltar do Rio Grande do Sul com três pontos que seriam cruciais para manter o time na Série A.
Na carona da moral de quem bateu o atual campeão da Libertadores da casa do adversário, o Avaí abateu o Atlético-GO por 3 a 0, no dia 21/11, em uma Ressacada com gente saindo pelo ladrão. A impressionante festa da torcida azurra empurrou o time que, de tanto perder gols, poderia ter anotado uma goleada histórica sobre o time goiano. O meia Jefferson entrou no segundo tempo e fez dois, completando o triunfo iniciado por Eltinho.
A glória
Não poderia ser de outra forma. O jogo que definiu a permanência do Avaí na Série A foi sofrido, dramático e contra um grande adversário. O Santos de Neymar começou o jogo do dia 28/11 dando pinta de que iria arrasar o Leão, abrindo 2 a 0 no primeiro tempo com um show da Jóia da Vila, mas era apenas a preliminar para a grande apresentação da noite. Caio roubou a cena, anotou três golaços de fora da área e fincou a bandeira azul e branca na Primeira Divisão do campeonato mais disputado do mundo.
Faltando uma rodada para o fim do campeonato, o Avaí apenas cumpre tabela diante do Atlético-PR. A torcida do Leão viu o time cumprir seu dever e, agora, prepara-se para ver o clássico contra o grande rival Figueirense em um lugar especial: a elite do futebol nacional.
Felipe Albertoni
